Síndroma Pós-Covid
Tempestade Inflamatória
A fadiga e a dificuldade de fazer tarefas simples do dia-a-dia são alguns dos problemas mais comuns da síndrome pós-covid19. E a culpa não é apenas dos pulmões. O próprio sistema nervoso, que comanda o tecido muscular também pode ser afetado, o que só piora a recuperação.
Para que possas entender melhor o processo interno do teu corpo, fica a saber que para se livrar do coronavírus, o sistema imunológico desencadeia um processo inflamatório, que se torna intenso demais para muitas pessoas que foram infetadas pelo vírus. São as vítimas da chamada tempestade inflamatória, que é uma situação que envolve a libertação de substâncias como as citocinas, com potencial para lesionar órgãos e tecidos.
Nos pulmões, onde, geralmente, a batalha contra o vírus é mais intensa, os vasos sanguíneos ficam debilitados após a referida tempestade inflamatória, causa da síndrome pós-covid. E por isso, o risco de entupimento que pode levar a enfartes e a AVCs aumenta consideravelmente. Nalguns casos os profissionais de saúde prescrevem a toma de anticoagulantes durante algum tempo.
E, a longo prazo, mesmo depois de te curares da doença, pode haver sequelas desse processo.
Por isso, a Shaker hoje apresenta-te algumas opções para recuperares o fôlego, cuidares do teu sistema respiratório e voltares a ter muita disposição para as tarefas da tua rotina.
O que é a condição Pós-COVID19?
Segundo o site da sns24, “a condição pós-COVID-19 é definida pelo conjunto de sintomas tardios em algumas pessoas com história provável ou confirmada infeção por SARS-CoV-2, habitualmente 3 meses após início da fase aguda e com, pelo menos, 2 meses de duração. Os sintomas podem desenvolver-se durante ou após a infeção aguda por SARS-CoV-2″.
Quais os principais sintomas desta condição?
Os sintomas mais frequentes na condição pós-COVID19 incluem:
- Fadiga
- Dispneia / dificuldade respiratória, sem outra causa atribuível
- Alterações do olfato
- Alterações do paladar
- Depressão
- Ansiedade
- Disfunção cognitiva
Os sintomas podem desenvolver-se durante ou após a infeção aguda por SARS-CoV-2 e apresentam impacto na qualidade de vida da pessoa.
A vacina impede o desenvolvimento desta condição?
A vacinação contra a COVID-19 demonstrou ser eficaz na redução sintomática e gravidade da fase aguda (menor número de sintomas e risco de hospitalização) bem como na duração dos sintomas após a fase aguda. Alguns dados recentes, apontam para a existência de eficácia na redução da probabilidade de desenvolver esta condição pós-COVID-19.
Como deve ser feita a retoma às atividades do dia-a-dia?
A retoma progressiva às atividades da vida diária deve ter em conta diferentes níveis:
- Cuidados de saúde gerais:
- alimentação suficiente e saudável
- hidratação abundante
- hábitos de sono e descanso adequados
- limitar o consumo de álcool e evitar o tabaco
- Atividade física:
- iniciar a ritmo próprio e aumento gradual de intensidade, conforme tolerância
- nos desportistas, iniciar com exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e marcha
- aumentar os períodos de descanso entre exercícios
- evitar exercícios de intensidade elevada
- na presença de exacerbação de sintomas pós-esforço, é recomendado utilizar estratégias de conservação de energia
- Redes de suporte e apoio:
- manter contactos frequentes com familiares e amigos
- estabelecer contactos com redes de apoio e suporte social, nomeadamente na comunidade
- Retoma às atividades de vida:
- retomar progressivamente as atividades de vida diária, incluindo emprego / ocupação
- definir metas atingíveis a curto, médio e longo prazos
Benefícios da reabilitação Pós-Covid19
Embora a COVID-19 seja uma doença recente, já existem evidências de que a integração dos doentes com síndrome pós-COVID num programa de reabilitação respiratória é benéfica para a sua recuperação funcional.
Por esse motivo, têm surgido consultas e programas especializados na reabilitação Pós-Covid.
- Estes programas têm um âmbito multidisciplinar e uma intervenção abrangente;
- Funcionam com o apoio de várias especialidades médicas e de outros profissionais de saúde;
- Incluem terapêuticas individualizadas com o objetivo de otimizar o desempenho físico e psicossocial, bem como de promover a adesão a um estilo de vida mais saudável.
Frequentemente, os tratamentos são baseados num plano de exercício físico, habitualmente com 2 a 3 meses de duração, e incluem uma avaliação inicial apoiada em questionários e provas físicas, que são depois comparadas com a avaliação final para aferição dos ganhos objetivos.
Nos casos em que se justifique, são complementados com programas de cinesiterapia respiratória, de fisioterapia, sessões de apoio psicológico ou programas nutricionais.